Dólar pode perder influência com sanções contra Rússia  

Desde que a Guerra entre Rússia e Ucrânia começou, o mundo vem assistindo aos ataques armados dos exércitos na região do sudeste europeu. Porém, existe outra parte da Guerra que nem todos estão acompanhando e que pode afetar a economia global e o domínio do dólar: as sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia contra a Rússia.

Desde quando o conflito começou até hoje, já foram impostas mais de 5 mil sanções, que afetam todos os âmbitos do país. No setor de bancos e serviços financeiros, por exemplo, os Estados Unidos proibiram qualquer transação com o Banco Central Russo. Reino Unido, UE e Canadá impuseram medidas restritivas para impedir que o país colocasse suas reservas internacionais de maneira a reduzir o impacto das sanções.

Os bancos russos também foram removidos do Sistema de pagamentos internacionais Swift para garantir que eles sejam prejudicados na sua capacidade de operar globalmente, limitando a comunicação, compra e venda de diversos recursos.

Novas sanções

Na última quinta-feira, 05, a UE anunciou novas sanções, que ainda precisam ser aprovadas, mas preveem embargo a importação de carvão russo, o que poderia custar 4 bilhões de euros por ano a Moscou; veto ao acesso de navios russos a portos da União Europeia, com exceção apenas para embarcações de transporte de alimentos, ajuda humanitária e commodities de energia; ampliação da lista de produtos cuja exportação para Rússia é bloqueada; proibição de participação de empresas russas em licitações públicas nos Estados-membros da União Europeia.

Os impactos das sanções

Na Rússia, as sanções já estão sendo sentidas pela população. O aumento de preço de comidas, medicamentos e produtos como iPhones são só alguns exemplos, mas o problema está bem mais embaixo, já que serviços simples, como acesso ao Zoom, podem ser bloqueados devido a retirada dos bancos russos do Sistema de pagamento internacional, dificultando sobretudo, a comunicação empresarial de funcionários.

Além disso, as sanções também estimulam que empresas internacionais deixem o solo russo, já que as condições financeiras do país estão complicadas, gerando desemprego. Estima-se que as sanções podem desacelerar a economia do país em 30%. 

Dólar está perdendo força

No entanto, não é só a Rússia que está sentindo os sintomas da Guerra. Gita Gopinath, vice-diretora-gerente do FMI, o Fundo Monetário Internacional, alertou que essas sanções impostas podem fragmentar o sistema financeiro global e acabar com o domínio internacional do dólar.

De acordo com ela, outras moedas podem começar a representar uma parcela maior das reservas externas dos países, já que as sanções podem incentivar o surgimento de pequenos blocos monetários baseados no comércio entre grupos separados de países.

Há anos a Rússia tenta diminuir sua dependência do dólar, principalmente após a anexação do país a Crimeia, em 2014, quando os EUA impuseram sanções em retaliação a medida. No entanto, apesar dos esforços, o país ainda tinha cerca de um quinto de suas reservas estrangeiras em ativos denominados em dólares pouco antes da invasão, como também uma parcela notável na Alemanha, França, Reino Unido e Japão.

“Os países tendem a acumular reservas de moedas com as quais negociam com o resto do mundo e nas quais tomam emprestado do resto do mundo, então você pode ver algumas tendências lentas em direção a outras moedas desempenhando um papel maior”, declarou Gopinath.

O domínio do dólar

Segundo Gita, o domínio do dólar acontece por conta do apoio de instituições fortes e altamente confiáveis, mercados profundos e o fato de ser livremente conversível. O que, obviamente, forma um conjunto de fatores dificilmente desafiado a médio prazo. No entanto, nas últimas duas décadas, a participação da moeda americana nas reservas internacionais caiu de 70% para 60%, graças ao surgimento de moedas de reserva, como o dólar australiano.

Esta redução pode ser explicada também pelo maior uso do yuan renmimbi chinês, apesar dele só representar hoje cerca de 3% das reservas globais.

Porém, dificilmente a moeda chinesa substituiria o dólar a curto prazo, pois isso exigiria total conversibilidade da moeda, mercados de capitais abertos e instituições que possam apoiá-los. Esse é um processo lento, que leva tempo e o domínio do dólar permanecerá por um tempo”, disse.

O estímulo de criptomoedas

Ainda de acordo com a vice-diretora do FMI, a guerra também estimularia a adoção de finanças digitais, de criptomoedas a stablecoins e moedas digitais do banco central.

“Tudo isso receberá ainda mais atenção após os episódios recentes, o que nos leva à questão de regulamentação internacional. Existe uma lacuna a ser preenchida”, declarou.

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